UM POUCO DE HISTÓRIA – O POVOADO DE SANTO ANTÔNIO

Uma rua na antiga vila de Santo Antonio do Madeira, 1911.


Igrejinha de Santo Antonio, anos 80.
A localidade de Santo Antonio do Rio Madeira situada a 7 Km de Porto Velho, foi originalmente ocupada por grupos indígenas, cujos testemunhas culturais remontam a 286 anos depois de Cristo.
            Com a chegada dos ingleses pela companhia Plubic Works em 1872, dos norte-americanos pela companhia P & T Collins em 1878 para a construção da ferrovia, houve mais um inicio de povoamento.
            No inicio do século XX, a penetração em Rondônia passou a ser desempenhada por um expoente básico: a construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, surgia como uma conseqüência política da anexação do Acre ao Brasil mediante compromisso entre o Brasil e a Bolívia.
            A Madeira-Mamoré Railway Company que construiu a EFMM, chegou em 1907 e encarou inteligentemente a questão sanitária, afastando-se das normas seguidas pelos predecessores, resolvendo estabelecer sua base de operações fora do terrível foco que era Santo Antônio, instalando-se a jusante de Santo Antônio em duas zonas denominadas Porto Velho e Candelária distando respectivamente de Santo Antônio 7 e 3,5 quilômetros.
            Em 1907, Santo Antônio tinha cerca de 300(trezentos) habitantes, dos quais a quase totalidade era composta de índios bolivianos, encarregados de transportas cargas das canoas e batelões para o deposito e daí para os vapores que as levavam para Belém do Pará. E vice-versa. Havia algumas casas de adobe, armazéns cobertos com chapas metálicas deixadas pelas antigas companhias que vieram construir a EFMM, algumas cantinas e choças de bambu nativo e folhas de palmeiras completavam a vila, naturalmente habitações dos índios bolivianos.
            Santo Antônio teve grande movimento quando estava sendo construída a Estrada de Ferro, para onde ocorriam os operários da empreiteira em busca de divertimentos. Também ali tinham sede duas grandes empresas que empregavam suas atividades no comércio da borracha. A borracha estava no auge, no mercado internacional.
            Em 1910 a população de Santo Antônio já contava com 2.000, indo cerca de 3.000 pessoas por ocasião da descida dos batelões com a borracha.
            Em 02 de julho de 1912 foi instalado o município e a comarca de Santo Antônio do Rio Madeira, que pertenceu ao Estado de Mato Grosso até maio de 1944 quando foi incorporado a Porto Velho voltando a condição de povoado.
            As obras da primitiva Capela de Santo Antonio de Pádua, durou cerca de cinco anos para ser concluída. O terreno fora comprado com donativos arrecadados dos fieis. Em julho de 1914, a Igrejinha estava quase concluída. O altar assentava sobre um grande estrado de cedro, todo corpo da igreja ladrilhado, os esteios forrados de madeira marmorizada formando elegantes colunas e uma sacristia ao lado.
            Aos poucos o povoado de Santo Antônio foi sendo abandonado, e seus habitantes fixaram-se em Porto Velho, seguindo os Ingleses. Do velho povoado de Santo Antônio, só resta a Capela como símbolo de todos aqueles que tentaram ocupar essa região.
            Todos os anos, no dia 13 de junho, se festeja o dia de Santo Antônio de Pádua naquela localidade, contando com a participação da comunidade de Porto Velho, manifestação religiosa que tem contribuído para a manutenção da Capela. Nunca houve preocupação técnica com restauração, eliminando-se até a sacristia segundo informações de vários autores.


BLIBLIOGRAFIA

·        Cruz, Osvaldo. Saneamento da Amazônia. Manaus Philippe Daou S. A./1972
·        Ferreira, Manoel Rodrigues. A Ferrovia do Diabo, São Paulo, melhoramento, 3ª edição, 1972.
·        Folder da Secretaria de Estado de Cultura, Desportos e Turismo, Pará.
·        Hugo, Vitor. Desbravadores, Vol. I. São Paulo Escolas Profissionais Salesianas, 1ª Edição, 1959.
·        Menezes, Esron Penha de Recortes de Jornal Alto Madeira História Antiga, Porto Velho, 12/06/80; 12/06/83; 13/06/84.
FICHA TÉCNICA
·        Denominação: Capela de Santo Antônio de Pádua.
·        Localização: a 7 Km de Porto Velho
·        Dados Cronológicos: Inicio do século XX.
·        Dados Tipológicos: Arquitetura religiosa de nave única.
·        Dados Técnicos: Arquitetura religiosa de nave única.
·        Dados Técnicos: Parede frontal de alvenaria, tijolo e cimento, e as laterais de taipa. Cobertura: Telha de barro.
·        Reformas: A Capela sofreu varias reformas tendo-se inclusive eliminado a sacristia, o altar sobre o estrado de cedro e os esteios forrados de madeira marmorizada que formavam elegantes colunas.
·        Características ambientais: Situada entre a Ferrovia Estrada de Ferro Madeira-Mamoré e as margens do Rio Madeira. Pertenceu a formação do núcleo populacional da área, atualmente é um dos raros marcos deste núcleo.
·        Livro de tombo histórico: inscrição nº 01


PATRIMÔNIO HISTÓRICO

            O potencial qualitativo dos bens culturais de Rondônia, em termos de obras, objetos, marcos conjuntos arqueológicos e paisagísticos apresenta volume que necessita urgentemente de uma atenção especial a fim de que não perca monumental acervo de profundo significado cultural, que  constitui também Patrimônio Nacional.
            Assim sendo, a Secretaria de Estado de Cultura, Esportes e Turismo, através de seu Departamento de Cultura e seu órgão colegiado, Conselho Estadual de Cultura, inicia processo de tombamento dos bens históricos, artísticos, arqueológicos e naturais do Estado.
            Quando o Estado “tomba” um prédio, um acervo, um monumento ou um logradouro publico, está contribuindo para preservação de um passado histórico comum a todos nós. Dessa maneira, o Governo e a comunidade passam a proteger um bem comum garantindo, por esse expediente, cuidados específicos.
            Depois de realizado o tombamento, que significa registro em um livro próprio, os bens passam a receber proteção especial do poder publico, não podemos mais ser destruídos a qualquer pretexto.
            Tombar é uma medida muito importante. Porém preservar é mais ainda. Por isso todos devem se unir na luta pela preservação do patrimônio cultural do Estado de Rondônia. Afinal, não estamos fazendo mais do que nosso dever. Estamos zelando pelo que é nosso.

Fonte: Folder Governo do Estado de Rondônia/1986
Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Turismo – Dep. De Cultura.

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